Face ao avalanche de teses ultramodernas que circulam no nosso país relacionadas com o que se convencionou chamar de “ciclos políticos”, produtos de uma engenharia de marketing político, cujo móbil é, quiçá, transformar as teorias e técnicas universalmente aceites em armas de combate político, sinto-me obrigado a questionar sobre as verdadeiras intenções subjacentes a tais descobertas.
Os estudiosos do fenómeno político, seja analistas políticos, homens da sociologia ou outras áreas afins, ao analisarem os ciclos políticos têm sempre em devida conta a natureza e essência dos ciclos, a dimensão temporal, os factores objectivos e subjectivos inerentes a estes períodos, bem como as premissas sociais e o quadro macro económico de um determinado país e ainda um leque de variáveis qualificativos. Mas nem por isso afirmam e nem devem fazê-lo, que a duração média dos ciclos políticos é de dois ou três mandatos de governação e uma vez decorrido esse tempo, o partido que estiver no poder deve ceder lugar a um outro porque o ciclo político do primeiro teria esgotado. Que absurdo!
Portanto, não entendo a teia de confusão que se pretende lançar, segundo o qual o PAICV está no fim do ciclo político e, por isso, deve, automaticamente deixar a governação do país. Se assim for, imperativo será a alternância política e desnecessários serão as campanhas e embates eleitorais. A democracia não é um jogo de partilha de poder; uma mera função aritmética dos ciclos de poderes com as suas contradições, interesses e virtudes.
No caso de Cabo Verde, o governo no poder, quiçá, fugiu à regra dos supostos e imaginários teóricos dos ciclos políticos, considerando a variável governação do país. Um partido de boa governação, que conseguiu consolidar as contas do Estado que vinham arrastando desde a década de noventa; que conseguiu trazer para o país o MCA, por duas vezes consecutivas, facto impar no nosso continente e no mundo; que infra estruturou o pais de Santo Antão a Brava; que construiu escolas e liceus em todos municípios e melhorou substancialmente a situação dos professores; que revolveu as políticas sociais, introduzindo, por exemplo, as pensões sociais para os mais carenciados; que embutiu grandes reformas no sector da saúde, aliado à construção de centros de saúde modernos; que moralizou a gestão das finanças públicas; que notabilizou-se pela gestão das políticas macro económicas, não pode e nem devia estar à beira do fim do ciclo como alguns andam a pregoar desesperadamente pelas ilhas e na diáspora.
Não me parece que os cabo-verdianos gostariam de ver algumas missões diplomáticas cruciais para o desenvolvimento deste país a arrumarem as suas malas para nos deixar. Também, estou certo que não gostariam de ver os nossos diplomatas e estudantes a dependerem de transferências casuísticas dos seus salários e bolsas de estudo num regime de quando calhar.
Em abono da verdade, a mudança do governo em 2001 deveu-se, sobretudo ao estado lastimável e caótico que o país conheceu, caracterizado por uma gestão pública desastrosa e pouco transparente. O governo de então, como publicou um semanário da praça, foi para “o fundo do tacho” .sem alternativas, andou ao reboque das marés ingratas, onde o desemprego, a crise de confiança e de oportunidades, a falta de opções económicas para os operadores económicos, eram uma constante.
Outrossim, na década de noventa as convulsões sociais eram gritantes, devido aos atrasos sistemáticos, e sem dia de largada, para os funcionários e trabalhadores perceberem os seus vencimentos e salários. Aí sim era o fim do ciclo político. A governação da década de noventa de per si reclamava pela mudança do ciclo político e a sociedade apenas reagiu em consonância com as condições do momento.
Se hoje Cabo Verde é páginas de jornal a nível internacional e goza de alto prestigio no mundo é devido à ética, seriedade que consubstancia na boa governação do país. O governo do PAICV, sob a liderança de José Maria Neves, merece de facto esses reconhecimentos pela sua proeza. Reduziu para cerca de metade a taxa de desemprego que encontrou; fez crescer a economia, mesmos em tempos de crise a níveis superiores a de muitos países, por exemplo do nosso continente. E não é à toa que mais de 70% dos cabo-verdianos avaliam positivamente o trabalho deste governo.
Cabo Verde precisa sim de um novo ciclo de governação para aprofundar as reformas nos mais diversos domínios; acelerar a transformação económica; realizar um “up grade” da sociedade e das instituições; qualificar o capital humano, ou seja de ciclo de transformação da economia, para melhorar a qualidade de vida de todos os cabo-verdianos.
Este novo ciclo de governação será, com toda a certeza, para projectar a nova década que se aproxima, recheada de uma visão do futuro clara e mobilizadora de toda a sociedade, e como disse o Presidente do PAICV, que permite “ construir um Cabo Verde competitivo, democrático, com coesão social e qualidade ambiental”. Difícil é acreditar que um partido como o PAICV, portadora de uma visão, estratégia, agenda para o futuro e obra feita tenha esgotado e chegado ao fim do ciclo. “ke li Nhu Nachu ka flaba”.
Euclides Eurico Nunes de Pina
Os estudiosos do fenómeno político, seja analistas políticos, homens da sociologia ou outras áreas afins, ao analisarem os ciclos políticos têm sempre em devida conta a natureza e essência dos ciclos, a dimensão temporal, os factores objectivos e subjectivos inerentes a estes períodos, bem como as premissas sociais e o quadro macro económico de um determinado país e ainda um leque de variáveis qualificativos. Mas nem por isso afirmam e nem devem fazê-lo, que a duração média dos ciclos políticos é de dois ou três mandatos de governação e uma vez decorrido esse tempo, o partido que estiver no poder deve ceder lugar a um outro porque o ciclo político do primeiro teria esgotado. Que absurdo!
Portanto, não entendo a teia de confusão que se pretende lançar, segundo o qual o PAICV está no fim do ciclo político e, por isso, deve, automaticamente deixar a governação do país. Se assim for, imperativo será a alternância política e desnecessários serão as campanhas e embates eleitorais. A democracia não é um jogo de partilha de poder; uma mera função aritmética dos ciclos de poderes com as suas contradições, interesses e virtudes.
No caso de Cabo Verde, o governo no poder, quiçá, fugiu à regra dos supostos e imaginários teóricos dos ciclos políticos, considerando a variável governação do país. Um partido de boa governação, que conseguiu consolidar as contas do Estado que vinham arrastando desde a década de noventa; que conseguiu trazer para o país o MCA, por duas vezes consecutivas, facto impar no nosso continente e no mundo; que infra estruturou o pais de Santo Antão a Brava; que construiu escolas e liceus em todos municípios e melhorou substancialmente a situação dos professores; que revolveu as políticas sociais, introduzindo, por exemplo, as pensões sociais para os mais carenciados; que embutiu grandes reformas no sector da saúde, aliado à construção de centros de saúde modernos; que moralizou a gestão das finanças públicas; que notabilizou-se pela gestão das políticas macro económicas, não pode e nem devia estar à beira do fim do ciclo como alguns andam a pregoar desesperadamente pelas ilhas e na diáspora.
Não me parece que os cabo-verdianos gostariam de ver algumas missões diplomáticas cruciais para o desenvolvimento deste país a arrumarem as suas malas para nos deixar. Também, estou certo que não gostariam de ver os nossos diplomatas e estudantes a dependerem de transferências casuísticas dos seus salários e bolsas de estudo num regime de quando calhar.
Em abono da verdade, a mudança do governo em 2001 deveu-se, sobretudo ao estado lastimável e caótico que o país conheceu, caracterizado por uma gestão pública desastrosa e pouco transparente. O governo de então, como publicou um semanário da praça, foi para “o fundo do tacho” .sem alternativas, andou ao reboque das marés ingratas, onde o desemprego, a crise de confiança e de oportunidades, a falta de opções económicas para os operadores económicos, eram uma constante.
Outrossim, na década de noventa as convulsões sociais eram gritantes, devido aos atrasos sistemáticos, e sem dia de largada, para os funcionários e trabalhadores perceberem os seus vencimentos e salários. Aí sim era o fim do ciclo político. A governação da década de noventa de per si reclamava pela mudança do ciclo político e a sociedade apenas reagiu em consonância com as condições do momento.
Se hoje Cabo Verde é páginas de jornal a nível internacional e goza de alto prestigio no mundo é devido à ética, seriedade que consubstancia na boa governação do país. O governo do PAICV, sob a liderança de José Maria Neves, merece de facto esses reconhecimentos pela sua proeza. Reduziu para cerca de metade a taxa de desemprego que encontrou; fez crescer a economia, mesmos em tempos de crise a níveis superiores a de muitos países, por exemplo do nosso continente. E não é à toa que mais de 70% dos cabo-verdianos avaliam positivamente o trabalho deste governo.
Cabo Verde precisa sim de um novo ciclo de governação para aprofundar as reformas nos mais diversos domínios; acelerar a transformação económica; realizar um “up grade” da sociedade e das instituições; qualificar o capital humano, ou seja de ciclo de transformação da economia, para melhorar a qualidade de vida de todos os cabo-verdianos.
Este novo ciclo de governação será, com toda a certeza, para projectar a nova década que se aproxima, recheada de uma visão do futuro clara e mobilizadora de toda a sociedade, e como disse o Presidente do PAICV, que permite “ construir um Cabo Verde competitivo, democrático, com coesão social e qualidade ambiental”. Difícil é acreditar que um partido como o PAICV, portadora de uma visão, estratégia, agenda para o futuro e obra feita tenha esgotado e chegado ao fim do ciclo. “ke li Nhu Nachu ka flaba”.
Euclides Eurico Nunes de Pina
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