sexta-feira, 27 de novembro de 2009

DENGUE”, VÍRUS MADRASTA, MAS…

Pese embora a informação da descida gradual do número de casos de Dengue é notória a preocupação e, algumas vezes, o medo patentes na cara de muita gente, principalmente a que acorre aos postos de saúde, hospitais, consultórios médicos e clínicas privadas devido à epidemia que tem assolado o nosso país ultimamente, inclusive com algumas perdas de vidas humanas.

É louvável a atitude do actual Governo, sob a liderança do Dr. José Maria Neves, tanto pela feliz, brilhante e oportuna ideia de promover, a realização, de Santo Antão a Brava, da campanha de limpeza, assim como, pela sua actuação na prática, envolvendo-se junto com a população nas actividades de sensibilização e mobilização a nível interno e externo, visando a luta contra a proliferação da epidemia da “Dengue”.
O apelo do Governo do PAICV à participação nas campanhas de limpeza mereceu a pronta aderência de todos os quadrantes da população de Cabo Verde. De facto, a resposta rápida da população, sem precedentes na história recente deste país, revela de per si o engajamento e o grau de maturidade de um povo que já sabe distinguir “alhos de bugalhos”, quando a questão se prende ao interesse nacional.
Na verdade, a rápida reacção positiva da comunidade internacional e que consistiu no envio de pessoal médico e enfermeiros, medicamentos e outros meios de luta é prova inequívoca de que o Governo do PAICV, sob a liderança de José Maria Neves, é merecedor da confiança dos parceiros de desenvolvimento que reconhecem a luta titânica do actual Executivo para “servir o povo e não servir-se do povo”, como disse alguém.
Outrossim, as nossas felicitações são extensivas a todos os cabo-verdianos espalhados pelo arquipélago que souberam depositar as divergências políticas e/ou ideológicas num saco sem fundo, arregaçando as mangas, sem receio, juntando-se ao Governo do Dr. José Maria Neves numa frente, onde o inimigo de todos é a epidemia da “Dengue”. Que bom seria se certos políticos da nossa terra seguissem o mesmo trilho e aprendessem com os ensinamentos deste povo. Em abono da verdade, essa mobilização me faz lembrar os momentos marcantes do dia 05 de Julho de 1975, quando a mobilização e a participação foram espontâneas e naturais.
Mas é pena que enquanto uns se preocupavam com o combate à epidemia da Dengue, metendo “ a mão na massa “, para demonstrar que, efectivamente, sempre estiveram ao lado do povo cabo-verdiano, alguns aproveitaram a ocasião para anunciar a criação de um “governo sombra” para o sector da Saúde quando nem sequer o sol ardia. Outros, inteligentemente, lançavam o grito de alerta, pedindo mais apoios financeiros para materializar os seus projectos de combate à epidemia da “Dengue” em vez de acompanhar o “povão” nesse momento de angústia e sofrimento.
A Câmara do MpD na Praia, segundo dizem por aí, pretendia solicitar cerca de 66.000.000.00 (sessenta e seis milhões de escudos) para poder suportar os encargos relacionados com os trabalhos no âmbito de um projecto de combate ao vírus da “Dengue” e a respectiva limpeza do município. Não dá para entender. Por isso, perguntei para mim mesmo se o orçamento da Câmara da Praia para 2009 estava esgotado. Porém, foi o próprio Presidente da Câmara do MpD na Praia quem disse que afinal o referido projecto ronda os 72.000.000.00 (setenta e dois milhões de escudos) e que precisa de mais recursos financeiros para poder executar os planos de saneamento, de reabilitação das encostas e de reparação de casas degradadas. Dizer que a edilidade não tem como mobilizar recursos necessários para a materialização desses projectos, creio que fica mal para uma Câmara que tem apresentado orçamentos gastronómicos e expansionistas como os de 2009 e 2010, cujos montantes rondam em média os dois biliões e quinhentos milhões de escudos. Se assim é, permitam-me perguntar, com o devido respeito, qual é a taxa de execução do orçamento de investimento, por exemplo, para o ano de 2009, cujo montante é de 1.266.500.000.00 (um bilião, duzentos e sessenta e seis milhões e quinhentos mil escudos).
Na mesma senda, permitam-me perguntar também qual tem sido o comportamento da sub- rubrica, por exemplo, “Despesas Económicas para o ano findo” . Será que esta rubrica não tem nenhum centavo de saldo? De igual forma, permitam-me interrogar qual tem sido o comportamento das receitas correntes e de capital orçadas para o ano ainda em curso, isto é 2009? Será que a Câmara do MpD na Praia depara-se com algum problema de tesouraria ao ponto de choramingar por mais apoios financeiros para fazer face à epidemia da “Dengue” e a realização de alguns projectos cruciais para o município, a saber a política direccionada para o sector de saneamento entre outras? Importa realçar que o saneamento do município é de responsabilidade da Câmara. Convém não esquecer que os orçamentos da Câmara do MpD na Praia previstos para 2009 e 2010 ascendem a 2.299,910. 053.00 (dois biliões, duzentos e noventa e nove milhões, novecentos e dez mil e cinquenta e três escudos) e 2.896.502.060.00 (dois biliões, oitocentos e noventa e seis milhões, quinhentos e dois mil e sessenta escudos), respectivamente.
É bom lembrar que na época “da ázagua”, a Câmara de Ulisses Correia e Silva disse precisar de 600.000.000.00 (seiscentos milhões de escudos) para fazer face aos danos provocados pelas chuvas no município. E o que aconteceu? Qual foi o custo real das intervenções da câmara? Outrossim, os empréstimos obrigacionistas que a Câmara pretende obter ascendem os 600.000.000.00 (seiscentos milhões de escudos). Que coincidência absurda! É pena que precisando de todo esse dinheiro, o presidente da Câmara da Praia foi contra a ideia do Senhor Primeiro-Ministro de se reunir com todos os presidentes das Câmaras municipais do país para se definir novas estratégias para o combate à epidemia da Dengue. Sinceramente, sinto-me desolado e triste face à tendência de politização dessa epidemia com o envio de mensagens caricatas e impúdicas. Já diria Nhô Artur que, infelizmente, a “Dengue” não é racista e nem sequer faz distinção entre ricos e pobres. Por favor não tratem de politizar essa epidemia madrasta que tem tido um efeito devastador noutras paragens. Lembremos que noutras paragens “Rei di Tabanka móri ku faka na prega” por causa das epidemias do tipo.
Por: Euclides Eurico Nunes de Pina

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