sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DISCURSO FEITO, DE IMPROVISO, PELO PRESIDENTE DO PAICV, DR. JOSÉ MARIA NEVES, NA ABERTURA DO ANO POLÍTICO 2010

Queria cumprimentar desde esta Sala, desde esta cidade da Praia, todos os cabo-verdianos e todas as cabo-verdianas. Gentes de Santo Antão, de São Vicente, de São Nicolau, da Boa Vista e do Sal, da Brava, do Fogo, do Maio e de Santiago.

Queria também aproveitar esta oportunidade para cumprimentar todos os cabo-verdianos radicados em São Tomé, na Guiné, em Angola ou em Moçambique.

Cumprimento, ainda, todos os cabo-verdianos que estão em Brokton, em Providence, em Washington ou na Florida. Todos os cabo-verdianos que estão no Brasil, em Portugal, na Argentina, no Luxemburgo, em França, na Holanda, todos os membros desta Nação global cabo-verdiana.

Aproveito para lembrar Vinícius de Moraes: por toda a minha vida hei-de amar-te Cabo Verde!

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Em 2001, menos de 50 por cento do País era electrificado. Hoje, em 2010, mais de 95 por cento do País já está electrificado. Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Em 2001, encontramos o programa das refeições quentes nas escolas prestes a ser encerrado. Menos de 30 mil crianças recebiam refeições quentes nas escolas. Hoje, dez anos depois, mais de 100 mil crianças estão a receber refeições quentes nas escolas.

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Em 2001, 37 por cento dos cabo-verdianos eram pobres. Em 2007, este número diminuiu para 26 por cento e hoje é de 24 por cento.

Cabo Verde está a mudar e PAICV é a força desta mudança!

Quando assumimos o Governo, em 2001, tínhamos um grande bloqueio nas bolsas de estudo. Os filhos das peixeiras, dos carpinteiros, dos pedreiros de todas as ilhas de Cabo Verde não tinham oportunidades.

Vocês se lembram dos jovens a saírem à rua e a dizerem: assim não dá? Jovens a se manifestarem, a protestarem por causa das injustiças havidas na distribuição das bolsas de estudo! Os jovens cabo-verdianos em todas as ruas, em 2000, a perguntarem aonde está a minha bolsa? E não havia por causa da incompetência e arrogância daquela gente que estava no poder.

Não havia oportunidades cá em Cabo Verde. Havia algumas instituições de Ensino Superior que albergavam menos de 700 alunos. Hoje, em 2010, temos dez universidades e instituições de Ensino Superior, 11 mil alunos no chão de Cabo Verde e mais de sete mil lá fora.

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Em 2001, havia zero quilómetros de estradas asfaltadas. Hoje já não dá mais para negar: temos mais de 500 quilómetros de estradas asfaltadas em todo o Cabo Verde.

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Em 2001, os filhos das pessoas mais pobres em Cabo Verde não tinham apoios. E nós, em 2004, lançamos o programa de kits escolares e demos para cinco mil alunos. Hoje, em 2010, estamos a distribuir 40 mil kits escolares para todas as crianças de Cabo Verde. Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Mas mais ainda: Quando assumimos o Governo, menos de dez mil cabo-verdianos recebiam 1.300$00 de Pensão Social. Hoje, mais de 23 mil mulheres e homens de Cabo Verde recebem 5.000$00. Cabo Verde está a mudar e PAICV é a força desta mudança!

Em 2001, encontramos um país sem credibilidade. O país estava como um barco a entrar água por todos os lados, um barco em que o capitão, em Agosto de 2000, sentiu medo. O barco estava a ir de encontro aos rochedos e, em Agosto de 2000, o capitão foi o primeiro a abandonar a embarcação e a fugir das suas responsabilidades. E por que é que ele abandonou? Porque ele já não estava a aguentar. Já não tinha mais energias para governar o País e nem respostas para governar o Cabo Verde do Século XXI.

O mais grave é que ele saiu desrespeitando o Parlamento e o Presidente da República. Estava orgulhosamente só. Com arrogância, dizia que tinha razão, e que o Presidente da República estava errado. “Não dei-lhe cavaco nenhum, mas isto é problema dele”, desafiava. O Parlamento também não mereceu nenhum cavaco de quem se considerava dono desta terra.

Mas graças ao povo de Cabo Verde que já tinha internalizado a democracia, ele foi obrigado a sair, a demitir-se, a reconhecer que estava errado para que fosse formado um novo Governo. Foi-lhe demonstrado que a democracia não é só no papel, que a Constituição da República não era somente um documento sobre o qual se devia falar bem e depois rasgá-lo pelas costas.

E por isso, Cabo Verde em 2000 tinha menos democracia, menos liberdade, mais autoritarismo, arrogância e falta de humildade no exercício do poder. Era tempo do poder contra as pessoas, os jornalistas, a oposição, a sociedade civil e os cidadãos.

Por isso hoje, em 2010, há mais democracia, mais liberdade, mais sociedade civil e mais cidadania.

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Mas também em 2000 era assim: o homem era, simplesmente, intocável. Dentro do seu partido quem ousasse criticá-lo, ele falava: “rua, você aqui não tem lugar!”. Todo o mundo que criticava era penalizado. Se fosse da Administração Pública era despedido, se fosse Deputado no Parlamento até cassação de mandato tentaram fazer.

Hoje, já esquecemos aquele tempo. Aquilo lá era un béz. E é esse tempo que querem nos dizer que é o cartão de visitas de Cabo Verde!

Cabo Verde está a mudar e PAICV é a força desta mudança!

Quero dizer-vos ainda que naquele tempo eles dividiam os cabo-verdianos entre ilhas, entre badius e sanpadjudus, entre os da Diáspora e os que residiam no País. Os da Diáspora eram considerados cidadãos de segunda. Mas aquele era o tempo em que Cabo Verde tinha fronteiras. Hoje, somos um país sem limites e sem fronteiras.

Hoje, em Cabo Verde há uma outra juventude: vocês da geração I-Pod. E é esta juventude que não vai mais deixá-los fazer divisionismos.

Ele vai para São Vicente, chega lá e diz: “bósis óia, a-mi é minine de Son Senti. És guvernu di PAICV abandoná Son Senti. É-l ka fazé nada pa Son Senti, é-l invisti só na Praia”.

Vai à Assomada, chega e diz: “a-mi é mininu di Santa Katrina, a-mi é badiu pé ratxádu. Nhós odja li na Somada nada és ka fázi só na Son Visenti”.

Mas no tempo da geração I-Pod as notícias se espalham rapidamente e já não dá para enganar os cabo-verdianos como faziam no tempo em que Cabo Verde era um país com fronteiras e limites. Esta mudança, até agora não a entenderam.

PAICV está a mudar Cabo Verde, o PAICV é a força desta mudança!

Hoje, Cabo Verde está muito mais desenvolvido do que em 2005. Mas em 2005, Cabo Verde estava muito mais desenvolvido do que em 2000. Não há comparação possível.

Cabo Verde já mudou. Mas não devemos esperar muito de alguém que 20 anos depois não conseguiu mudar o discurso, a prática e as lideranças do seu próprio partido. Vinte anos depois, ele apresenta-nos as mesmas propostas dos anos 90.

Reparem: 20 anos depois ele volta e diz: “cabo-verdianos, deixei, no tempo em que eu estava no poder, alguns lobos vestidos de cordeiro. Então, estou a voltar para eliminar todos aqueles lobos vestidos de cordeiro na sociedade cabo-verdiana. Ele não vem mais para resolver os problemas do desemprego, da pobreza e para investir no crescimento de Cabo Verde. Não, voltou para correr atrás de lobos.

Temos que mostrar-lhe que Cabo Verde está a mudar, que Cabo Verde já mudou e que o PAICV é força de mudança.

É certo que ainda não acabamos de resolver todos os problemas. Cabo Verde, hoje, goza de grade prestígio internacional. Vimos num jornal de Portugal, aonde ele disse: sim, senhor, Cabo Verde ser destacado como país bem governado é uma boa notícia. Afinal, minha gente, eles falam uma coisa aqui e outra lá fora, falam uma coisa em São Vicente e outra em Santa Catarina. Falam uma coisa no Maio, vão à Brava e falam uma outra.

Cabo Verde é hoje um dos países mais bem governados em África, parceiro especial da União Europeia, um dos poucos países africanos que irão atingir os Objectivos do Milénio.

Cabo Verde, hoje, é o único país a ser escolhido para um segundo compacto do MCA. Cabo Verde, hoje, é um país com credibilidade e respeitado no mundo.

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Estivemos, na semana passada em Nova York, onde Cabo Verde foi destacado com um país sem recursos, mas que está a trabalhar para atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Cabo Verde, hoje, tem universalização do Ensino Básico. Em todos os cutelos e ribeiras encontramos uma escola e um professor.

Cabo Verde, hoje, tem paridade de género a nível da Educação. Há escolas onde encontramos mais meninas do que rapazes.

Cabo Verde, hoje, tem uma taxa de prevalência do HIV-Sida de 0,8 por cento, um dos menores do mundo.

Cabo Verde, hoje, é um país onde 98 por cento das mulheres dão à luz em hospitais com assistência médica especializada. Hoje temos centros de saúde e hospitais em todas as ilhas, temos mais médicos e enfermeiros.

No passado dia 8 de Setembro, em Paris, Cabo Verde recebeu, conjuntamente com a Alemanha, o prémio Internacional de Alfabetização, concorrendo com dezenas de países.

Na mesma semana, estivemos em Roma e recebemos das mãos da Directora Executiva do Programa Alimentar Mundial (PAM), o programa de refeições quentes nas escolas. África do Sul, Luxemburgo, Brasil, Espanha, Estados Unidos, Nações Unidas subiram ao palco e disseram: parabéns Cabo Verde pelo vosso desempenho, pelo vosso trabalho, pela vossa coragem e determinação.

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Mais do que isso: Vejam todos os portos, aeroportos, estradas, hospitais, liceus, centros de saúde, palácios de justiça que estamos a construir em todo o Cabo Verde.

A obra é tanta que querem convencer os cabo-verdianos que é só betão. Que as estradas e os aeroportos e os liceus não servem para comer. Mas quem disse àquelas gentes que os aeroportos são para comer? Estas infra-estruturas são fundamentais para a modernização de Cabo Verde.

Que perguntem:

- Às pessoas de Rincão se aquela estrada não é fundamental para o desenvolvimento daquela localidade e para que as mulheres e os homens possam melhorar a sua qualidade de vida;
- Em Janela, Santo Antão, qual a importância da estrada Janela/Porto Novo;
-Ás mulheres e homens de Figueira das Naus ou Ribeira Prata qual é a importância da estrada que liga Fundura a Figueira das Naus/Figueira Moita e Ribeira Prata;
-Às gentes do Fogo qual a importância da estrada de acesso a Chã das Caldeiras ou do anel rodoviário do Fogo;
-Às gentes do Maio se queriam ou não ter aquele anel rodoviário;
-Às gentes de São Nicolau se queriam ou não ter a estrada Vila da Ribeira Brava/Tarrafal ou então Praia Branca/Penetração de Ribeira Prata;
- Ás gentes de Malta Velha/Cruzinha se queriam ou não aquela estrada de penetração ou às gentes de Ribeira da Torre se queriam aquela estrada de penetração;
-Às gentes de Tarrafal de Santiago se querem ou não a asfaltagem Assomada/Tarrafal ou às gentes de Calheta e Bedra Badejo se querem a asfaltagem Variante/Pedra Badejo/Calheta.

Mas pudera! Para um homem que passou dez anos e não conseguiu construir um único aeroporto. O da Praia que ele achou iniciado e não conseguiu fazer, há-de ficar amuado com um Governo que trabalha tanto para provar a incapacidade e incompetência em governar esta terra.

Mas vejam as obras que estão a ser realizadas em Santiago e vejam o que eles deixaram. Nada! O aeroporto da Praia começou a ser construído em 1988. Ele teve a coragem de passar dez anos no poder e não conseguir, sequer, concluir o aeroporto da Praia. Nós encontramos um aeroporto internacional e hoje temos quatro.

Cabo Verde está a mudar e o PAICV é a força desta mudança!

Mais liceus foram construídos, mais cinco centros de saúde na Praia, estrada de acesso ao aeroporto. E convido-vos, no dia 14, para irmos inaugurar a primeira fase do porto da Praia para mostrar a grande mudança que este País está a ter.

E quero dizer-vos que Cabo Verde já ganhou. Hoje, em 2010, o olhar e o sorriso dos jovens cabo-verdianos mudou. As mulheres de Cabo Verde estão com mais poder e mais força. O sol de Cabo Verde tem outro brilho. Hoje, Cabo Verde é um país cheio de ambição, um país que quer ser grande.

Hoje, Cabo Verde não quer mais voltar para trás. Cabo Verde quer andar para a frente, ganhar o futuro e, por isso, teremos que continuar juntos.

Teremos que continuar juntos porque, apesar de todos estes ganhos, ainda temos um conjunto de desafios para resolver: pobreza, energia, transportes marítimos inter-ilhas e o problema do acesso ao financiamento entre outros.

Mas face à mudança de Cabo Verde, face a estes novos desafios este PAICV tem novas respostas.

Queremos acelerar o ritmo de crescimento de Cabo Verde. Por isso, é importante que capacitemos as pessoas de modo a passarem a dispor de mais oportunidades.

O que iremos fazer? Vamos transformar todos os liceus de Cabo Verde em liceus técnicos para quando os jovens saírem do liceu, aqueles que puderem continuar o seu estudo superior o fazerem e aqueles que querem integrar o mercado de trabalho, terem formação para entrar.

Queremos levar a universidade a todas as ilhas e que não fique só na Praia e em São Vicente. Através do ensino superior à distância teremos uma universidade na porta de cada cabo-verdiano. Queremos que todos os cabo-verdianos, através do seu computador, consigam estudar e fazer a sua formação superior na sua ilha, estejam eles na Brava, no Maio, no Fogo, no Sal, na Boa Vista, em São Nicolau, em Santo Antão, junto com os jovens de São Vicente e da Praia.

Queremos levar a formação profissional de nível pós-secundário a todas as ilhas de Cabo Verde. Sabemos que os jovens estão a precisar, cada vez mais, de apoio. E para isso, estamos a criar um novo sistema de bolsas de estudo. Iremos acabar com as bolsas- empréstimo dadas pelo Estado. Os 500 mil contos, que anualmente são alocados nas bolsas empréstimo dadas pelo Estado, iremos transformá-los em bolsas de estudo para as famílias mais pobres e carenciadas de Cabo Verde.

As bolsas empréstimo que foram concedidas desde 93, sem qualquer sistema de gestão, cerca de dez milhões de contos até 2010, iremos transferir estes recursos para todas as famílias de Cabo Verde.

Irão ser dadas oportunidades aos jovens para aplicarem os recursos que iriam pagar para o seu próprio desenvolvimento profissional, para criarem a sua própria empresa e seus próprios empregos. A partir da próxima semana não haverá mais pagamentos daquelas bolsas empréstimo.

Queremos ainda que os jovens sejam eles agricultores, pescadores, carpinteiros, membros de associações de desenvolvimento comunitário tenham acesso ao crédito. Ontem inauguramos o Novo Banco Social para todos aqueles que não conseguiam recursos junto dos bancos normais, puderem ter acesso ao seu empréstimo e criar mais emprego.

Estamos a criar a Sociedade de garantia mútua e o Fundo de Apoio a pequenos negócios.

Estamos a desenvolver a agricultura. Iremos construir mais 17 barragens em todo o Cabo Verde, mais reservatórios, requalificação de bacias hidrográficas e gerar mais empregos, mais empresas e mais desenvolvimento para as pessoas. Estamos a desenvolver as energias renováveis e as tecnologias de informação e comunicação.

Queremos que Cabo Verde ganhe e se torne muito maior.

É por isso que teremos que continuar juntos. Teremos que continuar juntos para podermos ganhar o futuro, para que Cabo Verde continue a ganhar. Não poderemos voltar para trás.

E lembremos sempre Vinícius de Moraes: Por toda a minha vida hei-de te amar Cabo Verde.

Iremos continuar juntos porque amamos Cabo Verde e queremos realizar os sonhos de Amílcar Cabral e de seus companheiros. Queremos continuar juntos para realizarmos os sonhos dos nossos poetas, dos nossos avôs e avós, dos nossos pais.

Queremos continuar juntos porque Cabo Verde merece-nos e nós merecemos Cabo Verde.

Hoje, Cabo Verde tem estrelas espalhadas por todos os cantos. Hoje cada um de nós é uma estrela no céu, no mar, a estrela do PAICV.

Queremos que a juventude, as cabo-verdianas e os cabo-verdianos sejam estrelas. Queremos que os cabo-verdianos e cabo-verdianas brilhem no céu como as estrelas.

Eu já vi uma estrela que terá que continuar a guiar-nos rumo ao futuro. Quem é que não quer ser uma estrela em Cabo Verde? Jovens de Cabo Verde: eu sou uma estrela? E tu?

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