sábado, 8 de janeiro de 2011

ORÇAMENTO DA CMP APROVADO À MARTELADA

O orçamento da Câmara Municipal da Praia para o ano económico de 2011 foi (re)aprovado sob o signo da trapalhada, da desorganização, da força, da mordaça e da intimidação.
Na impossibilidade de aprova-lo pela via do diálogo, do debate e de cedências (princípios orientadores de qualquer regime democrático digno do nome), o executivo camarário liderado pelo MPD, em situação de puro desespero, não hesitou em lançar mão dos velhos métodos da década de noventa.
Já que o deputado José Barbosa não se mostrou disposto a abdicar dos seus princípios e sentido de voto, teve que ser o Estado Maior do MPD a “livrar-se” dele impondo-lhe um “pedido” de suspensão de mandato e substituindo-o por um colega devidamente domesticado e docilizado.
Nestes três anos de convívio com o senhor deputado e secretário municipal José Barbosa pude constatar que se trata de uma pessoa com convicções firmes e com uma noção muito clara e fundamentada em relação ao exercício das funções autárquicas.
Tenho nos meus arquivos pessoais todas as cartas (em suporte papel e via correio electrónico) que o mesmo enviou ao longo dos últimos dois anos à Ulisses Correia e Silva, com o conhecimento dos líderes das duas bancadas e da senhora Presidente da Mesa da Assembleia Municipal, a solicitar a intervenção deste na resolução de um conjunto de questões (relacionadas com o mau funcionamento da Assembleia Municipal) que o senhor Presidente da Câmara nunca sequer dignou responder.
O senhor Secretario Municipal foi ao longo deste tempo uma pessoa coerente e tudo fez para se entender com a Câmara pela via do diálogo mas foi subestimado e desvalorizado por Ulisses Correia e Silva que nunca acreditou que o mesmo chegaria ao ponto em que chegou, contra tudo e todos, dentro do seu próprio partido. A verdade é que Correia e Silva não conseguiu convence-lo pela força dos seus argumentos e só com recurso a ameaças, chantagens e pressões das mais diversas ordens é que acabou por demove-lo dos seus propósitos.
Compreendo perfeitamente a decisão do senhor Barbosa que só decidiu pedir “suspensão” de mandato quando a sua integridade física (e de sua família) foi claramente posta em causa. Qualquer um de nós faria o mesmo em defesa dos seus filhos e dos demais que lhe são próximos. Porém a sua opinião e o seu sentido de voto não mudou.
Este estranho caso deixa-nos apreensivos e obriga-nos a uma reflexão mais profunda sobre as bases de sustentação da nossa democracia. Não resisto a lançar uma questão que me inquieta neste momento: O MPD seria capaz de proceder da mesma forma se fosse governo e estivesse em causa o Orçamento de Estado?
Todo este processo veio, mais uma vez, comprovar que a nossa Câmara se encontra desorganizada e sem liderança. Ulisses Correia e Silva não consegue ser o elemento congregador e impulsionador do desenvolvimento da nossa capital.
O Chumbo do orçamento foi apenas uma amostra (mas representativa) dentro de um leque de problemas que têm impedido a Câmara de funcionar com a devida normalidade.
A verdade é que Ulisses Correia e Silva já perdeu toda a sua autoridade quer sobre os deputados como também sobre os vereadores e teve que ir pedir ajuda a Carlos Veiga e José Filomeno depois de no debate interno ter sido derrotado pelo deputado José Barbosa.
O caso do Vereador Victor Coutinho é mais um exemplo da falta de autoridade reinante na nossa autarquia. Coutinho tem recusado transferir-se do pelouro de Urbanismo para o de Segurança e Protecção Civil. Na área das finanças as coisas se encontram ainda bem piores. O atraso e toda a trabalhada que assistimos durante o processo de aprovação do orçamento deve-se ao facto de Óscar Santos ter sempre recusado assumir as funções de vereador a tempo inteiro apesar da insistência de Correia e Silva.
Não se compreende e não é admissível que um corpo de Guarda Municipal seleccionado de forma aparentemente bastante “criteriosa”, num leque de centenas de candidatos, submetidos a vários testes de aptidão e “devidamente” formados, consegue reunir tanta crítica e contestação em tão curto espaço de tempo pelo facto de recorrer de forma sistemática a agressões físicas. Será esta a melhor forma encontrada pela câmara de impor a autoridade municipal? Será que (por detrás de tudo isto) não é relevante o facto de neste momento não haver nenhum vereador que responda pela área da Segurança Municipal?
Só uma equipa nervosa, desgovernada, descontrolada e em estado de delírio obsessivo consegue ver um amplo complot contra si envolvendo as vendeiras ambulantes, lavadores de carros, Conselho de Administração da Electra, Estado Maior da Forças Armadas, Comunicação Social etc., liderados e orquestrados pelos eleitos municipais do PAICV!
A verdade é que o barco comandado por Ulisses Correia e Silva está a meter água por todos os lados porque não tem conseguido desviar-se dos “fogos-amigo” que tem recebido de dentro do próprio MPD.
Somos obrigados a concluir que este partido não está preparado para ser uma alternativa responsável à governação do País.


Vladmir Silves Ferreira
Lider da Bancada Municipal do PAICV – Praia
www.bancadapaipraia.blogspot.com
Dakar, 1 de Janeiro de 2011

2 comentários:

  1. Carissimo lider do Pai na CMP

    Ao ler o seu artigo editado no jornal a semana desta sexta feira, onde apela o ministerio de Cristina Duarte e Sara Lopes a intervirem na CMP como fizeram na CMSV pergunto porque só agora, porque não no momento do seu camarada Filu, pode alegar que o estamos aqui julgar é Ulisses. Em relação ao chumbo do orçamento a meu ver o PAI é o primeiro culpado, pois chumbaram porque nós (eu inclusive) pussemos o PAI ali para defender os insteresses do o municipes, a vossa postura tem nos mostrado que estamos em segundo plano, pois em primeiro lugar esta os interesses do vosso partido . È triste ver que a vossa por postura é sempre negativa chumbam tudo e nunca pensa em nós. E depois escreve o artigo acima alegando que o MPD não deve governar o país, isto deve deixar para os seus camaradas você deve preocupar e com a nossa cidade/CMP e deixar os outros fazer campanha para legislatiovas . E sabe também e bem que muitos dos problemas da cidade deve a má gestao daquele antigo presidente que tinhamos eleito. Por favor pensam mais nos muncipes do que em cumprir as linhas de orientação estratégica do PAI que eu bem conheço. Cumprimentos,

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  2. Meu caro municipe.

    Agradeço o seu feed-back apesar de não concordar com consigo em muitas questões. Não exerci nenhuma função politica (nem regional nem nacional) durante o mandato anterior e não tenho nenhumas responsabilidades em relação a este tempo.
    Quanto ao orçamento, penso que não é o melhor para a nossa Cidade. A nossa bancada não aprovou este orçamento pelas insuficiencias técnicas e politicas da mesma. Nunca fomos chamados para negociar e dar o nosso contributo para a feitura de um bom orçamento. Pior do isso é ver-mos que a proposta de orçamento não convenceu sequer todos os deputados do MPD.
    A nossa Camara tem problemas neste momento, não por culpa da oposição, mas sim porque internamente não se entendem.
    De qualquer forma agradeço o teu comentário e votos de boas entradas.

    Vladmir Silves Ferreira

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