quinta-feira, 27 de maio de 2010

CIDADE DA PRAIA – UMA FUTURA CIDADE SOCIAL E AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL

Em 2009, com a epidemia da dengue ficou patente que é necessário que haja uma correlação entre o saneamento básico, um dos principais problemas ambientais de cabo Verde e particularmente da cidade Praia, capital de todos nós.

Se é verdade que a melhoria das condições sócio-ambientais da capital depende do trabalho de todos: cidadãos, praenses, autoridades, pró-praia e toda a sociedade civil é também verdade que a Câmara Municipal tem uma responsabilidade acrescida não só devido ao Slogan “Praia tem Solução” mas devidas as suas competências nesta matéria. Cada um dos interlocutores tem responsabilidades sendo cada uma ao seu nível e convêm assumi-las.

É necessário pensar e preparar a cidade da Praia no horizonte de 30 a 50 ou 100 anos e não apenas em quatro anos.

A população residente da capital ronda por volta de 150 mil habitantes do ponto de vista da sustentabilidade sócio-ambiental é fundamental ter em conta a dimensão da população não residente: estudantes, rabidantes do interior que se deslocam e permanecem na cidade durante o dia bem como os habitantes das outras ilhas que se deslocam frequentemente à Capital. Não se sabe o número da população não residente é necessário fazer estudos.

Na produção do lixo diário da capital deve-se ter em conta a população residente e não residente. Por isso, há um desequilíbrio entre a quantidade do lixo produzido e os meios disponíveis para a recolha dos mesmos, ou seja o crescimento do lixo é em progressão geométrica e os meios disponíveis para a sua recolha em progressão aritmética. Para que haja a reposição do equilíbrio é necessário disponibilizar recursos humanos e, principalmente materiais.

No que tange às doenças infecciosas nomeadamente o paludismo e a dengue duas zonas são conhecidas como problemáticas, Fonton, onde algumas medidas já foram tomadas e Várzea, cuja solução, se calhar nem está à vista. Esta, é uma zona problemática situada no interface entre a água doce e marinha cuja sistema de drenagem da água de escoamento superficial é deficiente contribuindo para a formação de criadouros de mosquitos tanto da dengue como do paludismo. As ameaças à saúde pública são constantes e medidas de fundo devem ser tomadas para prevenir a população contra estas enfermidades.

I- INTERVENÇÕES NA ZONAS BAIXAS: VÁRZEA E TAITI


1. Desassoreamento das valas ao longo da avenida Cidade de Lisboa.
2. Proibição das construções das caves na Várzea (isto requer parecer de especialista);
3. Colocação de contentores ao logo dos passeios;
4. Pesquisas de águas subterrâneas e estudos laboratoriais visando determinar o teor salínico (durante a época da chuvas transacto foram feitas bombagens de água das caves para as valas);
5. Eliminação das águas residuais das valas (o problema ainda persiste);
6. Utilização das águas subterrâneas para construções, regas e outros fins;
7. Sensibilização da população;
8. Criação de áreas verdes. Esta zona observada do plateau é um amontoado de ferro-velhos num cenário desolador. Taiti se for ordenado pode vir a ser “o pulmão” da Capital.

II – INTERVENÇÕES NA BACIA HIDROGRAFICA DA TRINDADE AJUZANTE A MONTANTE


1. Construção de sanitárias públicas nas zonas criticas (Vila nova, Calabaceira) e outros bairros densamente povoadas cujos habitantes são pobres sem acesso a sanitários. Afinal das necessidades fisiológicas nem a Princesa escapa.

2. Promoção de campanhas de limpezas envolvendo escolas, associações juvenis e outras.

3. Reabilitação das ribeiras visando a prevenção contra as chuvas torrenciais. Caso houver uma precipitação da ordem de 150mm a zona baixa pode passar por apuro.

4. Correcção torrencial à montante.

III – INTERVENÇÕES NAS ACHADAS E OUTRAS ZONAS DENSAMENTE POVOADAS


1. Colocação de contentores para recolha de resíduos sólidos evitando o seu despejo nas encosta principalmente nas zonas altas.
2. Correcção torrencial nas encostas e achadas de forma concertada com a população local.
3. Plantação de arvores nas encostas com espécies devidas apropriadas.
4. Construções ou reabilitações de sistemas de drenagem das águas das chuvas.
5. Extensão e manutenção da rede de Esgotos;
6. Educação Ambiental e para a Saúde.
7. Promover a criação de associações juvenis
8. Realização de campanhas de limpeza e de sensibilização nos bairros em parceria com as associações locais.
9. Ordenar os bairros evitando a degradação urbana.

Estando a aproximar a época das chuvas devemos procurar incessantemente a solução ou quiçá accioná-las se efectivamente a temos. Não convêm enterrarmos a cabeça na areia. As grandes mudanças a médio e longo prazo são consequências de uma sucessão de pequenas acções. Pois, existem recursos humanos nas mais diversas áreas para promover melhorias das condições sócio-ambientais.

Emílio Mendes Fernandes
Licenciado em Ciências Naturais
Professor e Técnico da Educação Ambiental

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